Encontros e Desencontros destilados
É estranho quando, após um desencontro, o reencontro se assume completamente divergente daquilo que se imaginou e se destilou ao longo do tempo. Como um vinho que tarda a envelhecer ou vinagre que nunca chegou a vinho, os reencontros são estranhos, imprevisíveis, irritantemente falíveis. Nunca são como o imaginado, aliás, o vinagre saí quase sempre doce e o vinho com travo de azedo, apanha-nos indefesos nunca sabemos como reagir. Assim, invariavelmente, pensamos no tempo que passámos a imaginar como seria o reencontro e quão escusado é pensar nisso porque, afinal, só podemos provar o vinho quando abrirmos os pipos. É assim a arte dos desencontros, o resto são lamechices que só cabem em postais de ocasião numa loja de souvenirs, é para a frente que se tem que ir. Também o cabelo é assim, nunca é o mesmo. Com o tempo, o cabelo, vai ficando ou mais ralo ou mais rijo e seco e o branco instala-se sempre sem convite de ninguém.